A pouco mais de quatro meses
da realização da grande procissão em honra de Nossa Senhora de Nazaré, a cidade
já começou a viver o chamado “clima do
Círio”. O ponto de partida foi a apresentação, semana passada, do cartaz. Assim
que a peça, criada pela Mendes Publicidade, tornou-se pública, as pessoas foram
tomadas por um só e mesmo sentimento de encantamento: o cartaz não apenas é belíssimo,
como entrará para a história como sendo uma dos mais bonitos de todos os
tempos.
Preparar um cartaz, anualmente,
a partir de uma única idéia e transformá-lo em uma proposta, ao mesmo tempo
estática e religiosamente renovadas, não é tarefa fácil. Os criadores do cartaz
sabem que terão de usar, obrigatoriamente, a mesma “modelo”, que é a imagem
peregrina de Nossa Senhora de Nazaré, coberta com o manto usado no ano
anterior. O que se verá no fundo, ou ao lado, será um extraordinário exercício
de criatividade, visto que não pode ser, apenas, um cenário ou um elemento de
decoração. É preciso que haja uma íntima
ligação entre a Senhora e o sentimento de fé que aproxima as pessoas.
O cartaz do Círio é bem mais
do uma peça publicitária, criada para divulgar a procissão. Ele possui uma
dimensão igualmente devocional e as pessoas o recebem como se fosse a própria
imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Na impossibilidade de tê-la em casa ou no
trabalho, fica-se com a réplica ampliada. As pessoas gostam tanto do cartaz, e
ele é de tal modo importante, que permanece afixado em diferentes ambientes, o
ano inteiro. Mesmo depois do Círio, as pessoas o mantêm no lugar onde o
colocaram, até que possam substituí-lo pelo novo.
O deste ano traz a marca do
talento (eu diria melhor: da genialidade) de Luiz Braga e de Guy Veloso, e a
assinatura, igualmente genial, da Mendes, que não apenas sobrepôs imagens, mas
reconstruiu, a partir de duas fotos, o
Círio que trazemos impresso no coração.