(Dênis Cavalcante/O Liberal, 09/09/11)
“Fazer negócio sem propaganda é como piscar para uma garota no escuro. Você sabe o que está fazendo, mas ninguém mais sabe” (Stewart Henderson Britt)
Nascida a 12 de setembro de 1961, a “Mendes Publicidade” chega aos cinqüenta anos de bons serviços prestados ao Estado, à cidade e a seus inúmeros clientes, dos quais, o humilde cronista que ora vos escreve, honrosamente, ousa incluir-se. Quantas empresas do país e do mundo alcançaram essa marca? Segundo Cecília Meireles, o segredo do sucesso não é fazer o que se gosta, mas sim gostar do que se faz. Oswaldo Mendes seguiu à risca essa premissa. Amalgamada com uma dose talento – muito talento!
Nosso conhecimento se deu graças aos amigos-irmãos, Luis Roberto Meira e Rose Mendes Meira – genro e filha. Aos poucos, os laços de amizade e trabalho com o doutor Oswaldo, Oswaldo Filho e a Mendes foram se estreitando. Quando meu pai resolveu diversificar os negócios e decidiu criar a “Faiança”, foi a “Mendes” que alavancou o sucesso da aprazível e desconhecida lojinha de presentes. O mote do anúncio (naquele tempo se dizia assim) era simples, mas criativo: “O lugar é escondidinho, mas vale à pena chegar lá!”. Em pouco tempo, toda Belém sabia o endereço da Faiança. Quando cheguei à Agência, fiquei impressionado com a quantidade de prêmios fixados nas paredes. Eu não sabia, mas, naquele tempo, a “Mendes” já era uma das mais respeitadas e premiadas Agências de Publicidade do Brasil. Mesmo sabendo que a empresa era pequena e que o retorno financeiro seria ínfimo, eles nos dispensaram um atendimento de primeira! Foi o começo de uma profícua parceria que continua até hoje.
Revelo em primeira mão algo inusitado. Décadas atrás, num remoto e saudoso vôo da Ponte Aérea Rio-São Paulo, sentou-se ao meu lado um dos papas da Publicidade Brasileira. Ao saber que eu morava em Belém, teceu elogios à criatividade da Mendes e do doutor Oswaldo. O comentário causou-me espécie. Desde quando um publicitário elogia outro? Só não entendo por que a Mendes não abriu uma filial em outra capital. Alguém duvida que ela fosse arrebentar?
A palavra escrita, a criatividade, persegue Oswaldo Mendes desde os tempos do Colégio “Paes de Carvalho”, onde ele escrevinhava a revista do Liceu. Daí para a redação de revistas e jornais foi um pulo. De repórter, passou a ghost-writer de discursos, projetos de lei, requerimentos... Cansado de criar slogans e bordões para os outros, fundou a Mendes e não parou mais. Dizem que ele já completou oitenta anos. Tenho cá minhas duvidas. Não fossem as melenas grisalhas, o coroa tá inteiraço! Quando a maioria das pessoas de sua faixa etária se entrega, se acomoda, vegeta, ele continua rompendo barreiras, como se a idade cronológica não existisse. Quisera chegar lá desse jeito.
Poucos sabem. Foi ele quem me incentivou, ao resenhar uma das minhas primeiras crônicas: “O cego da Rui Barbosa”. Foi ele também que escreveu a orelha do meu primeiro cometimento literário. No ultimo parágrafo, tal qual um bruxo pitonista, vaticinou: “ainda vou viver o bastante para ver meu amigo Denis Cavalcante de farda, assumindo a sua cadeira na Academia de Letras.” Três anos depois, a improvável previsão acabou se concretizando.
Ninguém é perfeito. Quando a “Mendes” completou quatro décadas, Oswaldo Mendes enfatizou em seu discurso: “a vida começa aos quarenta!” E agora doutor Oswaldo?... A vida começa aos cinqüenta – ou seria aos oitenta? Não ouso contestá-lo. Afinal, os sábios costumam ter razão.